A APQuímica foi uma das Associações setoriais convidadas para uma reunião com o Ministro da Economia no dia 8 de abril 2025, com o objetivo de discutir as recentes medidas (incl. tarifas aduaneiras) anunciadas pela administração americana e os seus impactos sobre o setor.
Em articulação com os seus associados e com base em dados do Setor, a APQuímica sinalizou a forte ligação comercial e empresarial do Setor com os EUA. O Setor representa mais de 45% dos bens nacionais exportados para o mercado americano. Este peso é reforçado não apenas pela presença de empresas e capital americano no Setor em Portugal, mas igualmente pelo movimento inverso - empresas e capital do Setor estão igualmente presentes nos EUA, com tendência de crescimento considerando os novos projetos industriais do setor já em curso ou em fase de decisão.
Mostrando-se preocupada não apenas com os potenciais impactos diretos, mas igualmente com os possíveis impactos indiretos / efeito dominó que a imposição deste tipo de medidas poderá potenciar nas cadeias de abastecimento globais em que o Setor se insere e nos preços da energia – um dos principais fatores de competitividade do Setor, fortemente intensivo em consumos energéticos (eletricidade e gás natural), a APQuímica e os seus associados consideram que a via negocial deverá ser o formato de atuação preferencial, com a negociação a ser realizada em bloco (UE).
A APQuímica reforçou ainda junto do Ministro da Economia e restantes decisores políticos presentes a importância da constituição de uma aliança nacional entre o Estado português e a indústria exportadora nacional (com especial enfoque, num primeiro momento, na indústria mais exposta ao mercado EUA) com o objetivo de reforçar a diversificação dos seus mercados de importação / exportação, o que comporta um maior risco (de país, de mercado), num momento em que vários outros países (de maior dimensão, com indústria diversificada) estão a realizar o mesmo movimento.
Em complemento, a Associação advogou ainda os seguintes dois aspetos complementares:
- deverão ser desenhadas medidas/ações complementares nas seguintes dimensões: market intelligence / market screening, diplomacia económica e missões empresariais, incl. missões inversas (complementando missões mais gerais com missões mais focadas/especializadas por Setor), ferramentas financeiras de de-risking (ex. seguros de crédito) e de suporte ao investimento necessário para essas ações de diversificação de mercados;
- com o atual portfolio de grandes projetos industriais em curso e/ou em processo de decisão poderá fazer sentido lançar um pacote de estímulos que promova a sua continuidade, atuando sobretudo sobre os fatores de competitividade (p.ex. Energia) do Setor e de toda a restante Indústria exportadora nacional.
Com o Ministro da Economia, restantes decisores políticos e Agências públicas presentes na reunião a reconhecer a relevância do Setor e das preocupações e sugestões veiculadas, foi partilhado com a APQuímica um forte alinhamento com os pontos identificados e abertura para continuar o diálogo com o Setor.
Foi ainda anunciado pelo Ministro da Economia o lançamento, já na reunião de Conselho de Ministros de 10 de abril, de um conjunto alargado de medidas de apoio à internacionalização e competitividade indústria, reforçando a dotação das medidas já disponíveis e lançando medidas novas, para endereçar os desafios colocados pelo atual contexto geopolítico internacional.
(ATUALIZAÇÃO)
O Conselho de Ministros aprovou, a 10 de abril, o Programa REFORÇAR (Link para as medidas de apoio e propostas pode ser consultado AQUI). O programa prevê a mobilização de até 10 mil milhões de euros, através de instrumentos financeiros dirigidos a empresas com atividade exportadora e internacionalizada, com especial atenção à diversificação de mercados.